DOENÇA
DE VON GIERKE
A paciente era uma menina de 12 anos de idade que apresentava um
abdomem volumoso. Ela contou uma estória de episódios frequentes de fraqueza,
sudorese e palidez que desapareciam com a alimentação. O seu desenvolvimento
tinha sido um pouco retardado: sentou com l ano de idade, andou sem ajuda
somente aos 2anos e tinha desempenho pouco satisfatório na escola.
O exame físico revelou uma pressão sangüínea de 110/88 mmHg,
temperatura de 38°C,
peso de 22,4 kg
e altura de 1,28 m
(ambos valores abaixo do normal para a idade). A paciente estava com os pulmões
e coração normais. O fígado estava muito aumentado chegando até a pélvis. Suas
características à palpação eram de um órgão firme e liso. O baço e os rins, não
eram palpáveis. O restante do exame físico apresentou-se dentro dos limites
normais exceto pela musculatura que se encontrava pouco desenvolvida.
Os resultados de laboratório de uma amostra de sangue colhida em jejum
foram:
Paciente Valores Normais
Glicose (mg/dl) |
50
|
70-100
|
Lactato (mg/dl) |
59
|
5-18
|
Piruvato (mg/dl) |
3,8
|
0,40-0,80
|
Ácidos graxos
livres (mM) |
1,6
|
0,3-0,8
|
Triglicerídeos
(mg/dl) |
3145
|
150
|
Corpos cetônícos
totais |
40
|
|
pH |
7,25
|
7,35-7,44
|
CO2 total |
12
|
24-30
|
Uma biópsia de fígado foi retirada através de uma incisão abdominal. o
fígado estava enorme, de cor camurça e firme, mas não cirrótico.
Histologicamente as células estavam dilatadas e abauladas. As áreas próximas do
sistema porta estavam comprimidas e enrugadas. Não havia nenhuma reação
inflamatória. A coloração histoquímica para carboidratos revelou grandes
quantidades de material corado no parênquima celular que eram removidas pela
digestão com a amilase salivar. O conteúdo de glicogênio era de 11g/lOOg de
fígado (os valores normais são até 8%) e
o conteúdo lipídico de 20,2g/lOOg de fígado (os valores normais são em geral
menores de 5%). A estrutura do glicogênio hepático era normal. Os resultados
dos ensaios enzimáticos, realizados com o material da biópsia foram:
Enzimas Unidades por
g de fígado
|
pacientes
|
valores normais
|
glicose 6
fosfatase |
22
|
214 ± 45
|
G6P desidrogenase |
0,07
|
0,005 ± 0,13
|
fosfoglicomutase |
27
|
25 ± 4
|
fosforilase |
24
|
22 ± 3
|
frutose
1-6-difosfatase |
8,4
|
10 ± 6
|
Questões Bioquímicas
1. Qual é a estrutura normal do glicogênío
hepático?
2. Quais alterações de estrutura
acompanhariam uma deficiência da enzima da ramificação?
3. Que outros tecidos poderiam acumular
grandes quantidades de glicogênio?
4. Explique as razões para os episódios
hipoglicêmicos nos jejuns
5. Quais seriam as razões para: a) o aumento
dos ácidos graxos livres; b) a cetonemia; c) a acidose metabólica?
6. Qual seria o resultado de uma alimentação
contínua com glicose endovenosa? Explique.
7. Qual a natureza da acidose?
TIPO I: DOENÇA DE
VON GIERKE
A deficiência de
glicose-6-fosfatase é um distúrbio genético autossômico recessivo que incide em
uma de cada 100.000 a
400.000 pessoas. Este distúrbio costuma manifestar-se já nos primeiros 12 meses
de vida através da hipoglicemia sintomática ou pela detecção de hepatomegalia.
Pacientes ocasionais experimentam hipoglicemia no período neonatal imediato e
alguns raros nunca chegam a apresentar hipoglicemia. Os achados característicos
incluem uma face arredondada e bochechuda, um abdome protuberante devido à
acentuada hepatomegalia e extremidades finas. A hiperlipidemia pode causar
xantomas eruptivos e lipemia retiniana. A esplenomegalia não se manifesta ou é
descrita, embora um aumento vultoso do lobo hepático esquerdo possa ser
confundido com esplenomegalia. O crescimento geralmente é normal durante os
primeiros meses de vida; posteriormente, sobrevem retardo no crescimento e a
adolescência sofre atrasos. O desenvolvimento metal costuma ser normal, exceto
nos casos de lesão por hipoglicemia.
Como já foi dito é uma deficiência
da enzima glicose-6-fosfatase, a expressão clínica desta alteração é muito
diferente da de outras formas de glicogenose. Por exemplo. A hipoglicemia
produzida pelo jejum pode ser extrema e, em combinação com acidose láctica, a
hiperlipidemia, caracteriza os pacientes do tipo I. o mecanismo responsável
pelas alterações marcantes do metabolismo dos carboídratos, foi recentemente
revisada e resulta sobretudo da produção excessiva de substrato em resposta à
queda da glicose sangüínea.Tratamento:
A reversão documentada destas anormalidades através do tratamento que mantém os
níveis da glicose sangüínea entre 80
a 90 mg/dl fortalece o postulado de que estas alterações
resultam de repostas hormonais à hipoglicemia. A intervenção terapêutica tem
sido avaliada mais profundamente em pessoas com esses defeitos do que em
quaisquer outras. Como resultado, tem sido possível elaborar um controle
dietético razoavelmente eficaz para estes pacientes, o que assegura um
desenvolvimento favorável até a idade adulta.
Doença de von Gierke
Definição:
Distúrbio metabólico hereditário autossômico recessivo do acúmulo de glicogênio. Quantidades anormais de glicogênio acumulam-se em diversos tecidos, causando uma série de sintomas, como convulsões, problemas de sangramento, distúrbio do crescimento, xantomas na pele (placas cerosas amarelas) e aumento da lordose (curvatura da coluna lombarDoença de Von Gierke: glicogenose do tipo I, por deficiência de glicose-6-fosfatase em hepatócitos e células tubulares renais.
• Notada geralmente em torno dos dois anos de idade.
• Herança autossômica recessiva.
• Retardo de crescimento. Ausência de retardo mental.
• Grande hepatomegalia e renomegalia.
• Ausência de esplenomegalia ou de ascite.
• Hipoglicemia que não responde a adrenalina ou glucagon.
• Hipoglicemia pode causar crises convulsivas.
• Morte precoce por infecções intercorrentes.
• Aspecto microscópico no fígado: acúmulo de glicogênio no citoplasma dos hepatócitos, dando aspecto de célula vegetal.
• Herança autossômica recessiva.
• Retardo de crescimento. Ausência de retardo mental.
• Grande hepatomegalia e renomegalia.
• Ausência de esplenomegalia ou de ascite.
• Hipoglicemia que não responde a adrenalina ou glucagon.
• Hipoglicemia pode causar crises convulsivas.
• Morte precoce por infecções intercorrentes.
• Aspecto microscópico no fígado: acúmulo de glicogênio no citoplasma dos hepatócitos, dando aspecto de célula vegetal.
Patogênese: A glicose 6-fosfatase
é a última enzima da via de degradação do glicogênio no fígado para dar
glicose. A enzima retira o grupo fosfato da posição 6 da molécula da
glicose 6-fosfato. A glicose pode atravessar a membrana do hepatócito, mas a
glicose 6-fosfato não pode. Conseqüentemente, acumula-se dentro do hepatócito,
retardando toda a via de degradação e retendo o glicogênio, que passa a ser
abundante no hepatócito, dando o aspecto em célula vegetal quando retirado por
fixadores aquosos como o formol. O aumento do volume dos hepatócitos leva
a aumento do fígado como um todo (hepatomegalia). A hipoglicemia é explicada
pela falta de liberação da glicose no sangue.
Tipo
|
Denominação
|
Enzima defeituosa
|
Órgão afetado
|
Estrutura do glicogênio
|
Quantidade do glicogênio
|
Características clínicas
|
I
|
Von Gierke
|
Glicose 6 fosfatase
|
Fígado e rins
|
Normal
|
Aumento
|
Hepatomegalia maciça,
Hipoglicemia grave, Hiperlipemia e cetose/cetoacidose
|
8 - Glicogenose tipo I - Doença de Von Gierke
Deficiência da enzima glicose 6
fosfatase(*)
Glicogênio à
glicose 1 fosfatoà glicose 6 fosfato à glicose.
Com a deficiência de * a glicose 6
fosfato à frutose 6 fosfato à lactato.
Consequências: hipoglicemia,
hepatomegalia, morte
DTP
Oferecer glicose
Não oferecer dissacarídios:
sacarose, leite, frutas, pois aumentam o glicogênico hepático.
Aumentar o fracionamento
Leite Cho Free e pregestinil à
tem pouco glicogênio
Prot. Normo ou Hip.
Lip. hipo.
HC. mormo a hip dar monossacarídios
e polissacarídios.
Dar suplementação vitamínica.
Nenhum comentário:
Postar um comentário