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terça-feira, 13 de dezembro de 2011

ARTIGO: relacionado a sìndrome da imunodeficiência adquirida - AIDS


Introdução

            Este trabalho aborda a relação entre o uso indevido de drogas, AIDS, homossexualismo, considerada em uma perspectiva de saúde pública.
            As estratégias de prevenção da AIDS serão abordadas na perspectiva da redução de danos à saúde. Vamos discutir também a estrutura do vírus da imunodeficiência humana, e como ele age no organismo de um indivíduo infectado, as formas de transmissão e da distribuição da AIDS na população brasileira e mundial.

A SÍNDROME DA IMUNODEFICIÊNCIA ADQUIRIDA – AIDS


J Conceito
            A síndrome da imunodeficiência adquirida, conhecida como Aids, que é sigla formada pelo nome em inglês (acquired immune defiency syndrome), é uma doença infecciosa transmitida sexualmente, surgida nas duas últimas décadas e um dos maiores desafios para a humanidade, pois vem se alastrando na forma de epidemia pelo mundo todo. Causada pelo HIV identificado em 1983, a Aids leva à destruição das células do sistema imunológico – sistema de defesa do organismo – que nos protege contra os microorganismos, como o vírus e as bactérias, que estão presentes no ambiente à nossa volta. O sistema imunológico defende nosso corpo contra o efeito desses invasores, por meio de um complexo mecanismo comandado por células de defesa chamadas linfócitos.
            A doença se caracteriza por uma suscetibilidade à infecção por patógenos oportunistas ou pela ocorrência de uma forma mais agressiva de sarcoma de Kaposi ou linfoma de células B, acompanhada de uma profunda diminuição do número de células T CD4. Como parecia se disseminar pelo contato com fluidos corporais, suspeitou-se inicialmente de que ela seria causado por um novo vírus e, em 1983, o agente agora conhecido como responsável pela Aids, denominado vírus da imunodeficiência humana (HIV), foi isolado e identificado. Atualmente se conhecem dois tipos de HIV, HIV-1 e HIV-2, que são intimamente relacionados. O HIV-2 é endêmico na África Ocidental, e atualmente se dissemina na Índia. Porém, a maioria dos casos de Aids em todo o mundo é causada pelo HIV-1, mais virulento.

J Histórico
            A Aids foi detectada nos EUA, em 1979, quando hospitais de Los Angeles começaram a receber pacientes homens com moléstias raras que só se manifestam em indivíduos com sistema imunológico gravemente deficiente. No Brasil, os primeiros casos foram diagnosticados em 1982. EUA, Brasil, Uganda e França são países com mais casos de Aids.
            A Aids pegou de surpresa a classe médica. Ninguém sabia do que se tratava e não havia pessoal treinado para lidar com essa doença. Como seus portadores são principalmente homossexuais, todo o preconceito contra esse grupo explodiu: os moralistas colocando a doença como castigo de Deus, os puritanos culpando a liberdade sexual...A doença gerou pânico e caos na sociedade, sendo utilizada para incutir o medo da liberdade sexual e a culpa pela homossexualidade.

            A infecção pelo Hiv não produz Aids imediatamente, e os aspectos de como e quando os pacientes infectados pelo HIV irão progredir para a expressão da doença permanecem controversos. Contudo, acumulam-se evidências que implicam claramente o crescimento do vírus nas células nas células T CD4, e a resposta imune a ele, como a chave do enigma da Aids. O HIV é uma pandemia mundial e, embora grandes esforços venham sendo feitos para a compreensão da patogênese e epidemiologia da doença, o número de pessoas infectadas continua a crescer em um ritmo alarmantes, prevendo a morte de muitas pessoas por Aids muitos anos a seguir. Estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS) são de que 16,3 milhões de pessoas morreram de Aids desde o início da epidemia, e que atualmente há cerca 34,3 milhões de pessoas vivas infectadas pelo HIV, a maioria das quais na África subsaariana, onde taxas de prevalência para a infecção são de aproximadamente 7% entre os adultos jovens. Em alguns países dessa região Zimbábue e Botsuana, mais de 25% dos adultos estão infectados.
            Pode-se identificar dois estágios da Aids, segundo a progressão do vírus do HIV no organismo.

1º estágio: pessoa portadora do vírus da Aids ou assintomática:
Neste estágio, não há sinais ou sintomas da doença, embora o vírus já esteja se multiplicando no organismo e o sistema imunológico lute continuamente contra ele. A ausência de sintomas pode durar vários anos, até que a pessoa saiba que está infectada. No entanto, mesmo sem conhecimento da presença da doença em seu organismo, ela pode transmitir o vírus a outros indivíduos.

2º estágio: pessoa doente de Aids ou sintomática:
Neste estágio, o sistema imunológico perde sua capacidade de defesa, surgindo manifestações claras da doença, com o aparecimento de infecções oportunistas, como tuberculose, pneumonia, toxoplasmose, candidíase e meningite. Nesse caso, a pessoa pode perder peso, apresentar diarréias freqüentes, sentir fraqueza generalizada, entre outros sinais e sintomas.

            Nos últimos anos, com a descoberta dos medicamentos antiretrovirais, conhecidos como “coquetel” contra o vírus da Aids, foram conseguidos bons resultados no tratamento dos doentes. Por isso, é possível dizer que hoje a Aids não tem cura, mas tem tratamento. O coquetel controla a ação do vírus, diminuindo o seu poder de destruição do sistema de defesa do organismo, evitando o aparecimento de doenças oportunistas, melhorando a qualidade de vida das pessoas que estão vivendo com o HIV ou com a Aids. No Brasil, esses medicamentos são distribuídos gratuitamente a quem se cadastra em serviços de saúde.

            Muitos vírus causam uma infecção aguda, porém limitada, induzindo uma imunidade protetora persistente. Outros, como herpes, estabelecem uma infecção latente que não é eliminada, mas é controlada adequadamente por uma resposta imune adaptativa. A infecção pelo HIV, contudo, raramente conduz a uma resposta imune capaz de eliminar o vírus, se é que isso pode realmente acontecer. Embora a infecção aguda inicial pareça ser controlada pelo sistema imunológico, o HIV continua a se replicar rapidamente e infectar novas células.
            Em geral, a infecção inicial pelo HIV ocorre após a transferência de líquidos orgânicos de uma pessoa infectada. O vírus é transportado nas células T CD4 infectadas, nas células dendríticas e nos macrófagos, e como um vírus livre no sangue, no sêmen, no líquido vaginal ou no leite. Ele se propaga mais comumente por relação sexual, agulhas contaminadas usadas para administração intravenosa de drogas e uso terapêutico de sangue ou hemoderivados contaminados, embora essa última via tenha sido amplamente eliminada no mundo desenvolvido, onde os hemoderivados  são rotineiramente testados para o HIV. Uma via importante de transmissão do vírus é de uma mãe infectada para seu bebê, no parto ou pelo leite materno. Na África, a taxa de transmissão perinatal é de aproximadamente 25%, mas isso pode ser evitado tratando-se a gestante infectada com a droga zidovudina (AZT). As mães recém-infectadas e que amamentam seus bebês transmitem o HIV em 40% do tempo, mostrando que o HIV também pode ser transmitido pelo leite materno.
            A infecção primária pelo HIV provavelmente é assintomática na maioria dos casos, mas algumas vezes causa uma doença semelhante à influenza, com abundância de vírus no sangue periférico e uma queda marcante nos níveis das células T CD4 circulantes. Essa viremia aguda está associada, em virtualmente todos os pacientes, com a ativação das células T CD8, que matam as células infectadas pelo HIV, e, subseqüentemente, com a produção de anticorpos, ou soroconversão. Acredita-se que a resposta das células T citotóxicas seja importante para controlar os níveis do vírus, que atingem um pico e depois declinam, à medida que as contagens de células T CD4 retornam a cerca de 800 células por microlitro (o valor normal é de 1200 células/microlitro). Atualmente, o melhor indicador de uma doença futura é o nível de vírus que persiste no plasma uma vez que os sintomas de viremia aguda tenham cessado.
            A maioria dos pacientes infetados pelo HIV eventualmente desenvolverá Aids, após um período de quiescência aparente da doença conhecido como latência clínica ou período assintomático. Esse período não é silencioso, pois existe a replicação persistente do vírus e um declínio gradual da função e do número das células T CD4, até que eventualmente os pacientes tenham poucas células T CD4 residuais. Nesse ponto, que pode ocorrer a qualquer momento entre 2 e 15 anos ou mais após a infecção primária, termina a fase de latência clínica e as infecções oportunistas começam a surgir.

J HIV – VÍRUS DA IMUNODEFICIÊNCIA HUMANA
            O HIV é um retrovírus envelopado. Cada partícula viral contém duas cópias de um genoma RNA, que é transcrito em DNA viral integrado, servem como mRNA para dirigir a síntese de proteínas virais e, posteriormente, como genomas RNA de novas partículas virais, que escapam da célula por brotamento da membrana plasmática, cada uma em um envelope de membrana. O HIV pertence a um grupo de retrovírus denominados lentivírus, do latim lentus (lentos), devido ao curso gradual da doença que eles causam. Esses vírus persistem e continuam a se replica por muitos anos antes de causar sinais evidentes da doença.
            A capacidade do HIV de penetrar em tipos particulares de células conhecida como tropismo celular do vírus, é determinada pela expressão de receptores específicos do vírus na superfície dessas células. O HIV penetra nas células por meio de um complexo de duas glicoproteínas virais não covalentemente associadas, gp120 e gp41, no envelope viral.
            Uma das proteínas que entra na célula juntamente com o genoma viral é a trancriptase reversa, que transcreve o RNA viral em uma cópia complementar de DNA (cDNA). Então, esse cDNA é integrado ao genoma da célula hospedeira pela integrada é conhecida como provírus. Nas células T CD4 ativadas, a replicação viral é iniciada pela transcrição dos provírus. Porém, o HIV, assim como outros retrovírus, pode estabelecer uma infecção latente na qual o provírus permanece quiescente. Isso parece ocorrer nas células T CD4 e em macrófagos dormentes, e acredita-se que essas células sejam importante reservatório de infecção.


J  Infecção das células T CD4 pelo HIV
            O vírus liga-se ao CD4 através da gp120, que é alterada pela ligação ao CD4, de modo que agora também se liga a um co-receptor de quimiocina específico de sete porções trasmembrana que atua como um co-receptor para a entrada viral. Essa ligação libera gp41, que então produz a fusão envelope viral com a membrana celular, e a liberação do cerne viral no citoplasma. Uma vez no citoplasma, o cerne viral libera o genoma do RNA, o qual é transcrito reversamente em cDNA de fita dupla. A fita dupla de cDNA migra para o núcleo em associação com a integrase viral e a proteína Vpr, onde é integrada ao genoma celular, tornando - se um provírus.


J A TRANSMISSÃO DO VÍRUS HIV
            As formas de transmissão do vírus HIV estão bem estudadas e conhecidas. São elas:
  1. Transmissão por meio de relações sexuais sem proteção, sejam elas vaginais anais ou orais.
  2. Transmissão por meio de sangue contaminado. Nesse caso, a infecção decorre:
- do uso compartilhado de equipamento para uso de drogas injetáveis, como agulhas, seringas e recipientes para diluir a droga;
- de acidentes de trabalho em que instrumentos perfurocortantes, como agulhas e bisturis contaminados penetram na pele do profissional que os manipula;
- de transfusão de sangue contaminado.
3. Transmissão vertical, passagem do vírus da mãe infectada para o filho, o que pode acontecer durante a gestação, o parto ou o aleitamento materno.
É importante ressaltar que o vírus da Aids não pode ser transmitido de nenhuma outra maneira. Isso significa que o beijo, o abraço, o uso comum de talheres e copos, do vaso sanitário e picadas de mosquito não transmitem o HIV. O convívio diário com um portador do vírus não coloca as demais pessoas do ambiente familiar ou social em risco. Ao contrário, o preconceito e a falta de solidariedade para com um portador da Aids não só agravam o seu estado de saúde, mas também causam grandes danos ao seu estado emocional, pois a segregação interfere na qualidade de vida.

J Como detectar a infecção pelo vírus da Aids
            As pessoas infectadas pelo HIV desenvolvem anticorpos, partículas de defesa presentes no sangue, que podem ser detectados por meio de exames de sangue, denominados testes anti-HIV. Os anticorpos podem ser reconhecidos nos testes comuns a partir de doze semanas, depois que o indivíduo entrou em contato com o vírus de outra pessoa e se infectou. Esse período de três meses – do dia da infecção até surgir o resultado no teste – é chamado de janela imunológica. De modo geral, nesse período o resultado de um teste é negativo, embora, na realidade, a pessoa possa estar infectada. Assim, se o indivíduo teve um comportamento de risco, como transar sem camisinha ou compartilhar seringa para injetar droga, deve esperar mais de três meses para ter certeza do resultado do teste. No entanto, mesmo havendo suspeita de contaminação, a pessoa deve proteger-se sempre de novas situações de risco.
            Quando o teste detecta a presença dos anticorpos, o resultado é positivo, o que significa que o indivíduo tem o HIV, sendo, portanto, soropositivo. Quem é soropositivo, mesmo não apresentando sinais e sintomas da infecção por muitos anos, pode transmitir ou receber o vírus de outras pessoas infectadas. Por isso, independentemente de saber se a pessoa é soropositiva ou não, a camisinha sempre deve ser usada nas relações sexuais. No caso de uso de droga injetável, os equipamentos de injeção não devem ser compartilhados com outras pessoas, pois, nesses casos, a Aids poderá aparecer de forma muito mais grave.
            O teste anti-HIV está disponível, gratuitamente, em alguns serviços de rede pública de saúde de quase todos os municípios brasileiros. Mas é muito importante esclarecer que ele é voluntário, ou seja, não pode ser feito de modo obrigatório. Assim, ele pode ser aplicado com consentimento prévio da pessoa. Nesse caso, tanto o teste com a entrega do resultado é feitos mediante uma consulta chamada aconselhamento pré-teste e pós-teste anti-HIV.


J PREVENÇÃO
            A prevenção da Aids está diretamente relacionada à prevenção ao uso indevido de drogas por duas razões principais.
            Em primeiro lugar, porque o uso de drogas injetáveis de modo compartilhado por mais de uma pessoa é a forma mais arriscada para infectar-se com HIV e também com o vírus da hepatite. Dividir agulhas e seringas é o comportamento de mais alto risco para adquirir essas doenças. Além disso, observa-se também que pessoas que têm relações sexuais com usuários ou usuárias de drogas injetáveis e que não se protegem com a camisinha, se infectam muito mais pela via sexual. Dessa forma, usar drogas injetáveis de forma compartilhada e não usar camisinha nas relações sexuais são comportamentos que aumentam em muitas vezes a probabilidade de infectar-se por uma DST, principalmente Aids.
            Os dados disponíveis no Brasil mostram a progressão dos casos de infecção pelo vírus da Aids relacionados com o uso de drogas injetáveis. Desde 1982, quando se registrou o primeiro caso de Aids entre usuários de drogas injetáveis. Desde 1982, quando se registrou o primeiro caso de Aids entre usuários de drogas injetáveis, o percentual de casos por esta via de transmissão saltou de 2,7% em 1985 para 18,2% em 1990. Em 1999, aumentou para cerca de 27% o total de casos de Aids notificados ao Ministério da Saúde relacionados ao uso de drogas injetáveis. Esses dados colocam-nos diante do desafio de controlar a transmissão do HIV e diminuir os casos de Aids, o que só será possível, em nosso país, se conseguirmos baixar, de forma substancial, as infecções por via injetável.
            Outra associação que pode ser estabelecida entre o uso indevido de drogas e as DST e Aids é a prática de relações sexuais sem proteção entre os usuários de drogas. Alguns estudos mostram que pessoas sob efeito de álcool e outras drogas freqüentemente se envolvem em relacionamentos sexuais sem proteção, por causa do efeito da substância em seu psiquismo, o que pode levá-las a negligenciar as práticas de sexo seguro.

J A distribuição da Aids na população brasileira
            Os dados epidemiológicos disponíveis demonstram que a Aids está presente nas regiões brasileiras e na maioria de seus mais de 4 mil municípios. A distribuição mostra também que não há uma concentração restrita a segmentos ou grupos sociais, apresentando tendências de disseminação. Por outro lado, os estudos indicam que não se pode mais classificar a Aids como doença de homossexuais, de drogado ou de profissionais do sexo, como se fez no passado. Na atualidade, ela se distribui em vários segmentos da população, entre homens, mulheres e crianças e em cidades grandes e pequenas.

J Tendências epidemiológicas da Aids no Brasil

Heterossexualização – essa tendência é verificada pelo aumento do número de casos cuja forma de transmissão são as relações heterossexuais. A contaminação por meio de relações heterossexuais tem levado ao aumento do número de mulheres infectadas por seus maridos, namorados ou parceiros estáveis e únicos.

Feminização – o crescimento da Aids na população feminina, independentemente de comportamento de risco, marca essa tendência. Em 1990, enquanto havia uma proporção de uma mulher infectada para dezesseis homens, em 1998 essa relação passou a ser de uma mulher para três homens infectados. Esse fenômeno te, levado ao aumento de crianças afetadas pelo HIV em função do aumento da transmissão vertical.

Pauperização – o aumento de infecções pelo vírus da Aids entre as populações carentes retratar essa tendência. As populações tradicionalmente marginalizadas, sobre as quais recaem a maioria das doenças endêmicas e as patologias decorrentes da fome e da ausência de saneamento, vêm cada vez mais sendo infectadas pela Aids e outras DST. De fato, essas populações em situação de pobreza apresentam fatores múltiplos e complexos que favorecem a transmissão dessas doenças.
            A progressão avassaladora da epidemia da Aids indica que é preciso que é preciso utilizar o máximo de esforços para enfrentar o desafio, usando-se, para tanto, as estratégias de prevenção de que dispomos.

J A prevenção da AIDS
            Considerando as formas de transmissão da Aids, é preciso conhecer os comportamentos de risco que devemos evitar. Para a transmissão sexual, a maneira mais segura seria a abstinência sexual. Como esta não é a proposta viável para a maioria das pessoas, utilizamos as estratégias de sexo seguro, que pode ser definida como a forma de relação sexual em que os parceiros envolvidos estão protegidos. São consideradas estratégias de sexo seguro a automasturbação, a masturbação mútua, o uso de preservativos em relações penetrativas, a monogamia e a fidelidade mútua de parceiros sadios, entre outras.
            Com relação à transmissão pelo uso de drogas injetáveis, a estratégia de prevenção é a redução de danos à saúde.
            Redução de danos à saúde, no caso de uso indevido de drogas, é a estratégia de prevenção própria da saúde pública que visa a reduzir os danos causados pelo consumo de drogas lícitas e ilícitas. A estratégia de redução de danos aplica-se às pessoas que não podendo ou não querendo abster-se do uso de drogas adotam comportamentos de risco ligados a esse uso, como, por exemplo, o compartilhamento de seringas para uso injetável.
            Assim, as estratégias de redução de danos pretendem alertar as pessoas que usam drogas injetáveis a não o fazerem de forma compartilhada. Dividir uma dose de cocaína, por exemplo, pode significar “dividir” também o sangue de todas as pessoas que usaram a mesma seringa e agulha. Se esse sangue estiver contaminado, o vírus será injetado diretamente naqueles que compartilharam a seringa.
            Nos programas de redução de danos voltados para os usuários de droga injetável, além das seringas também são distribuídos:
 - pequenos frascos com água destilada para diluir a droga;
 - pedaços de algodão embebidos em álcool para a limpeza no lugar da picada;
 - camisinhas.
            O trabalho de prevenção incentiva os usuários de drogas injetáveis a fazerem a entrega das seringas usadas aos agentes de saúde para que as mesmas não poluam o ambiente e não sejam novamente utilizadas.
            A redução de danos constitui a única medida comprovadamente eficaz para controlar o curso da epidemia de Aids entre os usuários de drogas injetáveis, além de ser uma proteção contra outras DST. Nela, há uma proposta clara não só  de controle e de autocuidado com relação ao uso de drogas, mas também de desenvolvimento dos sentido de responsabilidade e de comprometimento com a saúde do outro.



























Conclusão
         As informações sobre a Aids devem ser levadas ao conhecimento das pessoas e, prioritariamente, dos jovens utilizando-se uma linguagem clara e acessível sobre as formas de prevenção e de tratamento.
            A epidemia da Aids, apesar de seus evidentes maléficos, trouxe, também, aspectos positivos e de mudança de valores da própria humanidade:
  - reduziu-se o preconceito, podendo-se tratar de maneira mais aberta as questões de sexualidade e prazer, de solidariedade entre as pessoas e das responsabilidades que daí decorrem;
  - abriu-se caminho para a organização de movimentos sociais, de grupos comunitários, em torno da defesa dos direitos de cidadania e da não discriminação aos portadores do HIV e da Aids, bem como dever do Estado em atendê-los;
  - criaram-se oportunidades de articulação dos órgãos governamentais, sobretudo no setor de saúde, com organizações não governamentais, na busca de soluções para as necessidades existentes;
  - ampliou-se a compreensão do papel das drogas lícitas e ilícitas no funcionamento da sociedade, o que vem contribuindo decisivamente para a busca de modelos mais adequados de abordagem da questão dando visibilidade ao problema da dependência química;
  - estimulou-se a organização de grupos específicos, como o de redutores de danos, que se mobilizam em torno de melhores condições no trabalho de prevenção e na garantia dos direitos das pessoas que utilizam drogas de se protegerem de seus efeitos danosos.
            As metodologias e as estratégias de prevenção à Aids devem contemplar alternativas que não se reduzam apenas a propostas de abstinência do uso indevido de drogas. Como as substâncias psicoativas podem ser prazerosas, apesar de riscos associados ao seu uso, a estratégia de redução de danos deve fundamentar-se nas questões de autocuidado e de autocontrole.
            É preciso haver estrutura de serviços que garantam o tratamento às pessoas portadoras de Aids, e que estejam preparados para o atendimento a usuários de drogas.
            Há necessidade de leis que regulem as intervenções de prevenção às doenças transmitidas pelo sangue e por via sexual (no caso a Aids), no contexto da saúde pública.













J Referencias Bibliográficas

Œ Prevenção ao uso indevido de drogas:diga SIM à vida: Volume 2, Maria Fátima Oliver Sudbrack, Eliane Maria Fleury Seidl, Liana Fortunato Costa (organizadoras). Brasília: CEAD/UnB; SENAD/SGI/PR,2000. cap.uni.9 – A Prevenção ao uso indevido de drogas e as DST. Pág.36

 Janeway, Charles A. – Imunobiologia: o sistema imune na saúde e na doença/Charles A. Janeway, Paul Travers, Mark Walport e Mark Shlomchik; trad.Cristina Bonorino...[et al.]. – 5.ed. – Porto Alegre: Artmed, 2002.

Ž Suplicy, Marta – Sexo para adolescentes: amor, sexualidade, masturbação, virgindade, anticoncepção, AIDS/Marta Suplicy. – 3. ed. – São Paulo: FTD, 1995. cap.XII. pág. 117.

 Lopes, Sonia – Bio – Volume 2/ Sônia Godoy Bueno Carvalho Lopes. – 3. ed. – São Paulo: Saraiva,1998. cap. 2 – Os vírus. Pág: 34

 “Fighting AIDS”, by Alice Park, in Time, march 29, 1999.

“ … and will we ever cure AIDS?”, by Dr. David Ho, in Time, November 8, 1999.

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