Introdução
Este trabalho aborda a relação entre
o uso indevido de drogas, AIDS, homossexualismo, considerada em uma perspectiva
de saúde pública.
As estratégias de prevenção da AIDS
serão abordadas na perspectiva da redução de danos à saúde. Vamos discutir
também a estrutura do vírus da imunodeficiência humana, e como ele age no
organismo de um indivíduo infectado, as formas de transmissão e da distribuição
da AIDS na população brasileira e mundial.
A
SÍNDROME DA IMUNODEFICIÊNCIA ADQUIRIDA – AIDS
J Conceito
A síndrome da imunodeficiência
adquirida, conhecida como Aids, que é sigla formada pelo nome em inglês (acquired
immune defiency syndrome), é uma doença infecciosa transmitida sexualmente,
surgida nas duas últimas décadas e um dos maiores desafios para a humanidade,
pois vem se alastrando na forma de epidemia pelo mundo todo. Causada pelo HIV
identificado em 1983, a
Aids leva à destruição das células do sistema imunológico – sistema de defesa
do organismo – que nos protege contra os microorganismos, como o vírus e as
bactérias, que estão presentes no ambiente à nossa volta. O sistema imunológico
defende nosso corpo contra o efeito desses invasores, por meio de um complexo
mecanismo comandado por células de defesa chamadas linfócitos.
A doença se caracteriza por uma
suscetibilidade à infecção por patógenos oportunistas ou pela ocorrência de uma
forma mais agressiva de sarcoma de Kaposi ou linfoma de células B, acompanhada
de uma profunda diminuição do número de células T CD4. Como parecia se
disseminar pelo contato com fluidos corporais, suspeitou-se inicialmente de que
ela seria causado por um novo vírus e, em 1983, o agente agora conhecido como
responsável pela Aids, denominado vírus da imunodeficiência humana (HIV), foi
isolado e identificado. Atualmente se conhecem dois tipos de HIV, HIV-1 e
HIV-2, que são intimamente relacionados. O HIV-2 é endêmico na África
Ocidental, e atualmente se dissemina na Índia. Porém, a maioria dos casos de
Aids em todo o mundo é causada pelo HIV-1, mais virulento.
J Histórico
A Aids foi detectada nos EUA, em 1979, quando hospitais
de Los Angeles começaram a receber pacientes homens com moléstias raras que só
se manifestam em indivíduos com sistema imunológico gravemente deficiente. No
Brasil, os primeiros casos foram diagnosticados em 1982. EUA, Brasil, Uganda e
França são países com mais casos de Aids.
A Aids pegou de surpresa a classe médica. Ninguém sabia
do que se tratava e não havia pessoal treinado para lidar com essa doença. Como
seus portadores são principalmente homossexuais, todo o preconceito contra esse
grupo explodiu: os moralistas colocando a doença como castigo de Deus, os
puritanos culpando a liberdade sexual...A doença gerou pânico e caos na sociedade,
sendo utilizada para incutir o medo da liberdade sexual e a culpa pela
homossexualidade.
A infecção pelo Hiv não produz Aids
imediatamente, e os aspectos de como e quando os pacientes infectados pelo HIV
irão progredir para a expressão da doença permanecem controversos. Contudo,
acumulam-se evidências que implicam claramente o crescimento do vírus nas
células nas células T CD4, e a resposta imune a ele, como a chave do enigma da
Aids. O HIV é uma pandemia mundial e, embora grandes esforços venham sendo
feitos para a compreensão da patogênese e epidemiologia da doença, o número de
pessoas infectadas continua a crescer em um ritmo alarmantes, prevendo a morte
de muitas pessoas por Aids muitos anos a seguir. Estimativas da Organização
Mundial da Saúde (OMS) são de que 16,3 milhões de pessoas morreram de Aids
desde o início da epidemia, e que atualmente há cerca 34,3 milhões de pessoas
vivas infectadas pelo HIV, a maioria das quais na África subsaariana, onde
taxas de prevalência para a infecção são de aproximadamente 7% entre os adultos
jovens. Em alguns países dessa região Zimbábue e Botsuana, mais de 25% dos
adultos estão infectados.
Pode-se identificar dois estágios da
Aids, segundo a progressão do vírus do HIV no organismo.
1º
estágio: pessoa portadora do vírus da Aids ou assintomática:
Neste
estágio, não há sinais ou sintomas da doença, embora o vírus já esteja se
multiplicando no organismo e o sistema imunológico lute continuamente contra
ele. A ausência de sintomas pode durar vários anos, até que a pessoa saiba que
está infectada. No entanto, mesmo sem conhecimento da presença da doença em seu
organismo, ela pode transmitir o vírus a outros indivíduos.
2º
estágio: pessoa doente de Aids ou sintomática:
Neste
estágio, o sistema imunológico perde sua capacidade de defesa, surgindo
manifestações claras da doença, com o aparecimento de infecções oportunistas,
como tuberculose, pneumonia, toxoplasmose, candidíase e meningite. Nesse caso,
a pessoa pode perder peso, apresentar diarréias freqüentes, sentir fraqueza
generalizada, entre outros sinais e sintomas.
Nos últimos anos, com a descoberta
dos medicamentos antiretrovirais, conhecidos como “coquetel” contra o vírus da
Aids, foram conseguidos bons resultados no tratamento dos doentes. Por isso, é
possível dizer que hoje a Aids não tem cura, mas tem tratamento. O coquetel
controla a ação do vírus, diminuindo o seu poder de destruição do sistema de
defesa do organismo, evitando o aparecimento de doenças oportunistas,
melhorando a qualidade de vida das pessoas que estão vivendo com o HIV ou com a
Aids. No Brasil, esses medicamentos são distribuídos gratuitamente a quem se
cadastra em serviços de saúde.
Muitos vírus causam uma infecção
aguda, porém limitada, induzindo uma imunidade protetora persistente. Outros,
como herpes, estabelecem uma infecção latente que não é eliminada, mas é
controlada adequadamente por uma resposta imune adaptativa. A infecção pelo
HIV, contudo, raramente conduz a uma resposta imune capaz de eliminar o vírus,
se é que isso pode realmente acontecer. Embora a infecção aguda inicial pareça
ser controlada pelo sistema imunológico, o HIV continua a se replicar
rapidamente e infectar novas células.
Em geral, a infecção inicial pelo
HIV ocorre após a transferência de líquidos orgânicos de uma pessoa infectada.
O vírus é transportado nas células T CD4 infectadas, nas células dendríticas e
nos macrófagos, e como um vírus livre no sangue, no sêmen, no líquido vaginal
ou no leite. Ele se propaga mais comumente por relação sexual, agulhas contaminadas
usadas para administração intravenosa de drogas e uso terapêutico de sangue ou
hemoderivados contaminados, embora essa última via tenha sido amplamente
eliminada no mundo desenvolvido, onde os hemoderivados são rotineiramente testados para o HIV. Uma
via importante de transmissão do vírus é de uma mãe infectada para seu bebê, no
parto ou pelo leite materno. Na África, a taxa de transmissão perinatal é de
aproximadamente 25%, mas isso pode ser evitado tratando-se a gestante infectada
com a droga zidovudina (AZT). As mães recém-infectadas e que amamentam seus
bebês transmitem o HIV em 40% do tempo, mostrando que o HIV também pode ser
transmitido pelo leite materno.
A infecção primária pelo HIV
provavelmente é assintomática na maioria dos casos, mas algumas vezes causa uma
doença semelhante à influenza, com abundância de vírus no sangue periférico e
uma queda marcante nos níveis das células T CD4 circulantes. Essa viremia aguda
está associada, em virtualmente todos os pacientes, com a ativação das células
T CD8, que matam as células infectadas pelo HIV, e, subseqüentemente, com a
produção de anticorpos, ou soroconversão. Acredita-se que a resposta das
células T citotóxicas seja importante para controlar os níveis do vírus, que
atingem um pico e depois declinam, à medida que as contagens de células T CD4
retornam a cerca de 800 células por microlitro (o valor normal é de 1200
células/microlitro). Atualmente, o melhor indicador de uma doença futura é o
nível de vírus que persiste no plasma uma vez que os sintomas de viremia aguda
tenham cessado.
A maioria dos pacientes infetados
pelo HIV eventualmente desenvolverá Aids, após um período de quiescência
aparente da doença conhecido como latência clínica ou período assintomático.
Esse período não é silencioso, pois existe a replicação persistente do vírus e
um declínio gradual da função e do número das células T CD4, até que
eventualmente os pacientes tenham poucas células T CD4 residuais. Nesse ponto,
que pode ocorrer a qualquer momento entre 2 e 15 anos ou mais após a infecção
primária, termina a fase de latência clínica e as infecções oportunistas
começam a surgir.
J HIV – VÍRUS DA IMUNODEFICIÊNCIA HUMANA
O HIV é um retrovírus envelopado.
Cada partícula viral contém duas cópias de um genoma RNA, que é transcrito em
DNA viral integrado, servem como mRNA para dirigir a síntese de proteínas
virais e, posteriormente, como genomas RNA de novas partículas virais, que
escapam da célula por brotamento da membrana plasmática, cada uma em um
envelope de membrana. O HIV pertence a um grupo de retrovírus denominados
lentivírus, do latim lentus (lentos),
devido ao curso gradual da doença que eles causam. Esses vírus persistem e
continuam a se replica por muitos anos antes de causar sinais evidentes da
doença.
A capacidade do HIV de penetrar em
tipos particulares de células conhecida como tropismo celular do vírus, é
determinada pela expressão de receptores específicos do vírus na superfície
dessas células. O HIV penetra nas células por meio de um complexo de duas
glicoproteínas virais não covalentemente associadas, gp120 e gp41, no envelope
viral.
Uma das proteínas que entra na
célula juntamente com o genoma viral é a trancriptase reversa, que transcreve o
RNA viral em uma cópia complementar de DNA (cDNA). Então, esse cDNA é integrado
ao genoma da célula hospedeira pela integrada é conhecida como provírus. Nas
células T CD4 ativadas, a replicação viral é iniciada pela transcrição dos
provírus. Porém, o HIV, assim como outros retrovírus, pode estabelecer uma
infecção latente na qual o provírus permanece quiescente. Isso parece ocorrer
nas células T CD4 e em macrófagos dormentes, e acredita-se que essas células
sejam importante reservatório de infecção.
J
Infecção das células T CD4 pelo HIV
O vírus liga-se ao CD4 através da
gp120, que é alterada pela ligação ao CD4, de modo que agora também se liga a
um co-receptor de quimiocina específico de sete porções trasmembrana que atua
como um co-receptor para a entrada viral. Essa ligação libera gp41, que então
produz a fusão envelope viral com a membrana celular, e a liberação do cerne
viral no citoplasma. Uma vez no citoplasma, o cerne viral libera o genoma do
RNA, o qual é transcrito reversamente em cDNA de fita dupla. A fita dupla de
cDNA migra para o núcleo em associação com a integrase viral e a proteína Vpr,
onde é integrada ao genoma celular, tornando - se um provírus.
J A TRANSMISSÃO DO VÍRUS HIV
As formas de transmissão do vírus
HIV estão bem estudadas e conhecidas. São elas:
- Transmissão por meio de relações sexuais sem proteção, sejam elas vaginais anais ou orais.
- Transmissão por meio de sangue contaminado. Nesse caso, a infecção decorre:
- do uso compartilhado de equipamento
para uso de drogas injetáveis, como agulhas, seringas e recipientes para diluir
a droga;
- de acidentes de trabalho em que
instrumentos perfurocortantes, como agulhas e bisturis contaminados penetram na
pele do profissional que os manipula;
- de transfusão de sangue contaminado.
3. Transmissão vertical, passagem do
vírus da mãe infectada para o filho, o que pode acontecer durante a gestação, o
parto ou o aleitamento materno.
É importante ressaltar que o vírus da
Aids não pode ser transmitido de nenhuma outra maneira. Isso significa que o
beijo, o abraço, o uso comum de talheres e copos, do vaso sanitário e picadas
de mosquito não transmitem o HIV. O convívio diário com um portador do vírus
não coloca as demais pessoas do ambiente familiar ou social em risco. Ao contrário, o
preconceito e a falta de solidariedade para com um portador da Aids não só agravam
o seu estado de saúde, mas também causam grandes danos ao seu estado emocional,
pois a segregação interfere na qualidade de vida.
J Como detectar a infecção pelo vírus da Aids
As pessoas infectadas pelo HIV
desenvolvem anticorpos, partículas de defesa presentes no sangue, que podem ser
detectados por meio de exames de sangue, denominados testes anti-HIV. Os
anticorpos podem ser reconhecidos nos testes comuns a partir de doze semanas,
depois que o indivíduo entrou em contato com o vírus de outra pessoa e se
infectou. Esse período de três meses – do dia da infecção até surgir o
resultado no teste – é chamado de janela imunológica. De modo geral, nesse
período o resultado de um teste é negativo, embora, na realidade, a pessoa
possa estar infectada. Assim, se o indivíduo teve um comportamento de risco,
como transar sem camisinha ou compartilhar seringa para injetar droga, deve
esperar mais de três meses para ter certeza do resultado do teste. No entanto,
mesmo havendo suspeita de contaminação, a pessoa deve proteger-se sempre de
novas situações de risco.
Quando o teste detecta a presença
dos anticorpos, o resultado é positivo, o que significa que o indivíduo tem o
HIV, sendo, portanto, soropositivo. Quem é soropositivo, mesmo não apresentando
sinais e sintomas da infecção por muitos anos, pode transmitir ou receber o
vírus de outras pessoas infectadas. Por isso, independentemente de saber se a
pessoa é soropositiva ou não, a camisinha sempre deve ser usada nas relações
sexuais. No caso de uso de droga injetável, os equipamentos de injeção não
devem ser compartilhados com outras pessoas, pois, nesses casos, a Aids poderá
aparecer de forma muito mais grave.
O teste anti-HIV está disponível,
gratuitamente, em alguns serviços de rede pública de saúde de quase todos os
municípios brasileiros. Mas é muito importante esclarecer que ele é voluntário,
ou seja, não pode ser feito de modo obrigatório. Assim, ele pode ser aplicado
com consentimento prévio da pessoa. Nesse caso, tanto o teste com a entrega do
resultado é feitos mediante uma consulta chamada aconselhamento pré-teste e
pós-teste anti-HIV.
J PREVENÇÃO
A prevenção da Aids está diretamente
relacionada à prevenção ao uso indevido de drogas por duas razões principais.
Em primeiro lugar, porque o uso de
drogas injetáveis de modo compartilhado por mais de uma pessoa é a forma mais
arriscada para infectar-se com HIV e também com o vírus da hepatite. Dividir
agulhas e seringas é o comportamento de mais alto risco para adquirir essas
doenças. Além disso, observa-se também que pessoas que têm relações sexuais com
usuários ou usuárias de drogas injetáveis e que não se protegem com a
camisinha, se infectam muito mais pela via sexual. Dessa forma, usar drogas
injetáveis de forma compartilhada e não usar camisinha nas relações sexuais são
comportamentos que aumentam em muitas vezes a probabilidade de infectar-se por
uma DST, principalmente Aids.
Os dados disponíveis no Brasil
mostram a progressão dos casos de infecção pelo vírus da Aids relacionados com
o uso de drogas injetáveis. Desde 1982, quando se registrou o primeiro caso de
Aids entre usuários de drogas injetáveis. Desde 1982, quando se registrou o
primeiro caso de Aids entre usuários de drogas injetáveis, o percentual de
casos por esta via de transmissão saltou de 2,7% em 1985 para 18,2% em 1990. Em
1999, aumentou para cerca de 27% o total de casos de Aids notificados ao
Ministério da Saúde relacionados ao uso de drogas injetáveis. Esses dados
colocam-nos diante do desafio de controlar a transmissão do HIV e diminuir os
casos de Aids, o que só será possível, em nosso país, se conseguirmos baixar,
de forma substancial, as infecções por via injetável.
Outra associação que pode ser
estabelecida entre o uso indevido de drogas e as DST e Aids é a prática de
relações sexuais sem proteção entre os usuários de drogas. Alguns estudos
mostram que pessoas sob efeito de álcool e outras drogas freqüentemente se
envolvem em relacionamentos sexuais sem proteção, por causa do efeito da
substância em seu psiquismo, o que pode levá-las a negligenciar as práticas de
sexo seguro.
J A distribuição da Aids na população
brasileira
Os dados epidemiológicos disponíveis
demonstram que a Aids está presente nas regiões brasileiras e na maioria de
seus mais de 4 mil municípios. A distribuição mostra também que não há uma
concentração restrita a segmentos ou grupos sociais, apresentando tendências de
disseminação. Por outro lado, os estudos indicam que não se pode mais
classificar a Aids como doença de homossexuais, de drogado ou de profissionais
do sexo, como se fez no passado. Na atualidade, ela se distribui em vários
segmentos da população, entre homens, mulheres e crianças e em cidades grandes
e pequenas.
J Tendências epidemiológicas da Aids no Brasil
Heterossexualização – essa tendência é verificada pelo
aumento do número de casos cuja forma de transmissão são as relações
heterossexuais. A contaminação por meio de relações heterossexuais tem levado
ao aumento do número de mulheres infectadas por seus maridos, namorados ou
parceiros estáveis e únicos.
Feminização – o crescimento da Aids na população
feminina, independentemente de comportamento de risco, marca essa tendência. Em
1990, enquanto havia uma proporção de uma mulher infectada para dezesseis
homens, em 1998 essa relação passou a ser de uma mulher para três homens
infectados. Esse fenômeno te, levado ao aumento de crianças afetadas pelo HIV
em função do aumento da transmissão vertical.
Pauperização – o aumento de infecções pelo vírus da
Aids entre as populações carentes retratar essa tendência. As populações
tradicionalmente marginalizadas, sobre as quais recaem a maioria das doenças
endêmicas e as patologias decorrentes da fome e da ausência de saneamento, vêm
cada vez mais sendo infectadas pela Aids e outras DST. De fato, essas populações
em situação de pobreza apresentam fatores múltiplos e complexos que favorecem a
transmissão dessas doenças.
A progressão avassaladora da
epidemia da Aids indica que é preciso que é preciso utilizar o máximo de
esforços para enfrentar o desafio, usando-se, para tanto, as estratégias de
prevenção de que dispomos.
J A prevenção da AIDS
Considerando as formas de
transmissão da Aids, é preciso conhecer os comportamentos de risco que devemos
evitar. Para a transmissão sexual, a maneira mais segura seria a abstinência
sexual. Como esta não é a proposta viável para a maioria das pessoas,
utilizamos as estratégias de sexo seguro, que pode ser definida como a forma de
relação sexual em que os parceiros envolvidos estão protegidos. São
consideradas estratégias de sexo seguro a automasturbação, a masturbação mútua,
o uso de preservativos em relações penetrativas, a monogamia e a fidelidade
mútua de parceiros sadios, entre outras.
Com relação à transmissão pelo uso
de drogas injetáveis, a estratégia de prevenção é a redução de danos à saúde.
Redução de danos à saúde, no caso de
uso indevido de drogas, é a estratégia de prevenção própria da saúde pública
que visa a reduzir os danos causados pelo consumo de drogas lícitas e ilícitas.
A estratégia de redução de danos aplica-se às pessoas que não podendo ou não
querendo abster-se do uso de drogas adotam comportamentos de risco ligados a
esse uso, como, por exemplo, o compartilhamento de seringas para uso injetável.
Assim, as estratégias de redução de
danos pretendem alertar as pessoas que usam drogas injetáveis a não o fazerem
de forma compartilhada. Dividir uma dose de cocaína, por exemplo, pode
significar “dividir” também o sangue de todas as pessoas que usaram a mesma
seringa e agulha. Se esse sangue estiver contaminado, o vírus será injetado
diretamente naqueles que compartilharam a seringa.
Nos programas de redução de danos
voltados para os usuários de droga injetável, além das seringas também são
distribuídos:
- pequenos frascos com água destilada para
diluir a droga;
- pedaços de algodão embebidos em álcool para
a limpeza no lugar da picada;
- camisinhas.
O trabalho de prevenção incentiva os
usuários de drogas injetáveis a fazerem a entrega das seringas usadas aos
agentes de saúde para que as mesmas não poluam o ambiente e não sejam novamente
utilizadas.
A redução de danos constitui a única
medida comprovadamente eficaz para controlar o curso da epidemia de Aids entre
os usuários de drogas injetáveis, além de ser uma proteção contra outras DST.
Nela, há uma proposta clara não só de
controle e de autocuidado com relação ao uso de drogas, mas também de
desenvolvimento dos sentido de responsabilidade e de comprometimento com a
saúde do outro.
Conclusão
As informações sobre a Aids devem ser
levadas ao conhecimento das pessoas e, prioritariamente, dos jovens
utilizando-se uma linguagem clara e acessível sobre as formas de prevenção e de
tratamento.
A epidemia da Aids, apesar de seus
evidentes maléficos, trouxe, também, aspectos positivos e de mudança de valores
da própria humanidade:
- reduziu-se o preconceito, podendo-se tratar
de maneira mais aberta as questões de sexualidade e prazer, de solidariedade
entre as pessoas e das responsabilidades que daí decorrem;
- abriu-se caminho para a organização de
movimentos sociais, de grupos comunitários, em torno da defesa dos direitos de
cidadania e da não discriminação aos portadores do HIV e da Aids, bem como
dever do Estado em atendê-los;
- criaram-se oportunidades de articulação dos
órgãos governamentais, sobretudo no setor de saúde, com organizações não
governamentais, na busca de soluções para as necessidades existentes;
- ampliou-se a compreensão do papel das
drogas lícitas e ilícitas no funcionamento da sociedade, o que vem contribuindo
decisivamente para a busca de modelos mais adequados de abordagem da questão dando
visibilidade ao problema da dependência química;
- estimulou-se a organização de grupos
específicos, como o de redutores de danos, que se mobilizam em torno de melhores
condições no trabalho de prevenção e na garantia dos direitos das pessoas que
utilizam drogas de se protegerem de seus efeitos danosos.
As metodologias e as estratégias de
prevenção à Aids devem contemplar alternativas que não se reduzam apenas a propostas
de abstinência do uso indevido de drogas. Como as substâncias psicoativas podem
ser prazerosas, apesar de riscos associados ao seu uso, a estratégia de redução
de danos deve fundamentar-se nas questões de autocuidado e de autocontrole.
É preciso haver estrutura de
serviços que garantam o tratamento às pessoas portadoras de Aids, e que estejam
preparados para o atendimento a usuários de drogas.
Há necessidade de leis que regulem
as intervenções de prevenção às doenças transmitidas pelo sangue e por via
sexual (no caso a Aids), no contexto da saúde pública.
J
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